Novas ferramentas diagnósticas podem nos levar a mudar o clássico ponto de corte de 5,5 cm para os homens de 5 cm para as mulheres. A tecnologia de speckle tracking do ultrassom pode estudar o movimento da parede dos aneurismas de aorta abdominal em tempo real e transformar-se no futuro do diagnóstico e também no ponto de corte para a decisão terapêutica.
Este trabalho pesquisou se o ultrassom 4D baseado em índices de movimento da parede era capaz de distinguir regiões do aneurisma com padrões de deformação diferentes que fossem mais vulneráveis à ruptura.
Se a compararmos com o colo do aneurisma, a parede do saco aneurismático mostra deformações muito heterogêneas com diferenças altamente significativas. Isso seria a base da teoria de zonas com vulnerabilidade muito diferente.
As regiões com o maior pico de movimento circunferencial se encontram entre a parede posterior do colo e o saco.
O diâmetro máximo do aneurisma (o parâmetro clássico para tomar decisões) não mostrou correlação significativa com os índices de movimento da parede. A única exceção foi o movimento longitudinal, que se correlacionou inversamente com o diâmetro.
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O diâmetro como único critério pode ter vários inconvenientes, fazendo com que aneurismas relativamente pequenos se rompam ao passo que outros com diâmetros extremos resistam sem maiores problemas.
O mecanismo da ruptura é complexo e intervêm nele uma série de fatores fisiológicos, biomecânicos, histopatológicos e inclusive genéticos.
Este trabalho analisa as propriedades biométricas do aneurisma em uma população, mas não em cada paciente em particular. Isso faz com que seja difícil extrapolar automaticamente a informação da população a um paciente determinado.
A literatura atual, incluindo o presente trabalho, não tem o poder suficiente para provar que as novas imagens podem mudar o ponto de corte. Lidar com um aneurisma < 5,5 de forma conservadora até o momento tem demonstrado ser seguro e custo-efetivo.
Outros trabalhos utilizaram imagens de tomografia com dinâmica de fluidos em aneurismas rotos. As imagens mostraram que a ruptura não ocorre nos lugares de maior pressão nem de maior estresse parietal mas sim, ao contrário, em áreas com recirculação de fluxo, baixo estresse e depósito de trombos.
Este padrão de recirculação poderia predispor à formação de trombos que levem a uma degeneração da adventícia e à conseguinte ruptura no lugar menos esperado.
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Nasceu uma nova e poderosa ferramenta que tem o potencial de identificar novos preditores de ruptura mas que ainda parece longe da prática clínica rotineira. Ainda não é tempo de reduzir o ponto de corte para decidir a intervenção.
Título original: Is It Time to Move Beyond the 5.0/5.5 cm Diameter Thresholds for AAA Repair? Time Resolved Ultrasound Imaging for Assessment of AAA Wall Motion.
Referência: Sandro Lepidi et al. Eur J Vasc Endovasc Surg. 2020 Oct;60(4):548. doi: 10.1016/j.ejvs.2020.06.024.
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