De acordo com este trabalho que proximamente será publicado no JACC Interventions e contra o que marca o senso comum, é seguro manter a anticoagulação oral antes e durante o TAVI. Isso não aumentou as complicações hemorrágicas ou vasculares e, paradoxalmente, os pacientes que continuaram com a anticoagulação receberam menos transfusões que os que a suspenderam.
Uma proporção significativa dos pacientes que são submetidos a implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) têm indicação prévia e permanente de anticoagulação oral. O manejo ótimo desses pacientes não está estudado. Usualmente trasladamos a informação de outros procedimentos. Em geral, a anticoagulação oral é suspensa nos dias prévios ao procedimento, fazendo-se uma ponte com heparina de baixo peso molecular de acordo com o risco de trombose.
Todos os pacientes consecutivos que se encontravam sob anticoagulação oral e foram submetidos a TAVI por acesso femoral foram incluídos em 5 centros da Europa. A anticoagulação foi suspensa em 2 dias, 4 dias ou não foi suspensa ao longo de todo o procedimento. O desfecho primário de segurança foi o sangramento maior e os secundários de eficácia foram as complicações vasculares, o AVC e a morte.
584 pacientes continuaram com seu esquema de anticoagulação tal qual vinham recebendo e 733 o suspenderam.
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Em 30 dias a taxa de sangramento maior ou que comprometesse a vida foi de 11,3% vs. 14,3% (OR: 0,86, IC 95%: 0,61 a 1,21; p = 0,39). As complicações vasculares também foram praticamente idênticas entre os pacientes que mantiveram a anticoagulação vs. os que a suspenderam (11% vs. 12,3%, OR: 0,89, IC 95%: 0,62 a 1,27; p = 0,52).
Até mesmo a necessidade transfusão foi menor no grupo que continuou com anticoagulação e a mortalidade em 12 meses foi idêntica.
Conclusão
Manter a anticoagulação oral em um paciente em plano de TAVI não incrementa o sangramento ou as complicações vasculares.
Título original: Safety and Efficacy of Transcatheter Aortic Valve Replacement With Continuation of Vitamin K Antagonists or Direct Oral Anticoagulants.
Referência: Miriam Brinkert et al. J Am Coll Cardiol Intv 2020, article in press. https://doi.org/10.1016/j.jcin.2020.09.062.
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