FLOWER-MI: FFR vs. angiografia para revascularização completa nos infartos

A avaliação funcional com o fluxo fracionado de reserva (FFR) não foi melhor que a angiografia convencional para guiar a revascularização completa em pacientes com lesão de múltiplos vasos no contexto de um infarto com supradesnivelamento do seguimento ST e angioplastia primária bem-sucedida. 

FLOWER-MI: FFR vs angiografía para revascularización completa en los infartos

Estes resultados foram publicados no NEJM e apresentados durante o congresso do ACC 2021.

A taxa de eventos cardiovasculares maiores foi baixa e similar com as duas estratégias em um ano de seguimento. Isso poria em cheque a relação custo/eficácia do FFR nos infartos. 

A evidência randomizada e dos registros é robusta no que se refere à superioridade do FFR vs. a angiografia em pacientes com síndromes coronarianas crônicas. 

No contexto agudo (especialmente no caso dos infartos com supradesnivelamento) os estudos COMPARE-ACUTE e DANAMI3-PRIMULTI mostraram a superioridade da revascularização completa guiada por FFR vs. a angioplastia realizada somente no vaso culpado. 

Existe pouca informação a respeito da revascularização completa guiada por FFR vs. guiada por angiografia nos infartos com supradesnivelamento do ST. 

O FLOWER-MI recebeu algumas críticas dos especialistas. Por um lado, a baixa incidência de eventos poderia tirar o seu poder estatístico; por outro, as lesões não culpadas parecem realmente significativas. Nesse sentido, não aparentaram ser as típicas lesões intermediárias nas quais a condução do FFR mostrou o maior benefício. 


Leia também: Resultados da vacina da Pfizer/BioNTech contra a COVID-19 em adolescentes.


Outro alvo de críticas foi o fato de os operadores terem realizado toda a revascularização no mesmo procedimento, algo que está longe da prática clínica diária. 

Neste trabalho foram analisados 1163 pacientes cursando um infarto agudo do miocárdio e com lesão de múltiplos vasos (idade média de 62,2 anos) submetidos a angioplastia primária bem-sucedida no vaso culpado randomizados a completar a revascularização guiada por FFR vs. guiada por angiografia. 

A angioplastia nas lesões não culpadas foi feita em 66,2% dos pacientes com a condução do FFR e em 97,1% com a condução da angiografia. 


Leia também: Miocardite e vacinas de RNA mensageiro contra a COVID-19: qual é o risco?


O desfecho primário (combinação de morte, infarto ou revascularização não planejada que requer hospitalização) foi de 5,5% no grupo FFR vs. 4,2% no grupo angiografia, o que é uma diferença não significativa (HR 1,32; IC 95% 0,78 a 2,23; p = 0,31). Os componentes separados do desfecho primário tampouco foram diferentes, e o mesmo pode ser dito dos desfechos secundários (trombose do stent, medicação antianginosa, qualidade de vida e re-hospitalizações. 

nejmoa2104650

Título original: Multivessel PCI Guided by FFR or Angiography for Myocardial Infarction. 

Referência: Etienne Puymirat et al. N Engl J Med. 2021 May 16. Online ahead of print. doi: 10.1056/NEJMoa2104650. The FLOWER-MI Study Investigators.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Impacto da pós-dilatação com balão na durabilidade a longo prazo das biopróteses após o TAVI

A pós-dilatação com balão (BPD) durante o implante percutâneo da válvula aórtica (TAVI) permite otimizar a expansão da prótese e reduzir a insuficiência aórtica...

TAVI em insuficiência aórtica nativa pura: são realmente superiores os dispositivos dedicados?

Esta metanálise sistemática avaliou a eficácia e a segurança do implante percutâneo da valva aórtica em pacientes com insuficiência aórtica nativa pura. O desenvolvimento...

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...