Os pacientes com fibrilação atrial (FA) e doença coronariana estável que apresentam sangramento maior têm um altíssimo risco de eventos cardiovasculares subsequentes. É preciso prevenir os sangramentos mas também o risco de eventos e morte cardiovascular posterior.
Já faz tempo que conhecemos a associação entre a angioplastia coronariana, o sangramento precoce e o incremento da morte e dos infartos posteriores ao evento hemorrágico. O que não estava claro ainda era se esse mesmo fenômeno poderia se dar em um paciente com doença coronariana estável.
O estudo AFIRE (Atrial Fibrillation and Ischemic Events With Rivaroxaban in Patients With Stable Coronary Artery Disease) analisou 2215 pacientes com FA e doença coronariana estável tratados unicamente com rivaroxabana ou com rivaroxabana associada a algum agente antiplaquetário.
O MACCE foi definido como a combinação de AVC, embolia sistêmica, infarto, angina instável que requer revascularização e morte por qualquer causa.
Dos 2215 pacientes, 386 (17,4%) apresentaram um sangramento e, dentre eles, 63 (16.3%) apresentaram um evento cardiovascular. A incidência de MACCE foi o dobro entre os que sangraram vs. os que não sangraram (8,38% vs. 4,20%, HR 2,1; p < 0,001).
Entre os pacientes que tiveram o azar de apresentar ambos os eventos, a enorme maioria (73%) primeiro sangrou e depois apresentou o evento cardiovascular, ao passo a sequência de eventos foi inversa apenas nos 27% restantes.
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Na análise multivariada a associação temporal entre os dois eventos não deixa nenhuma dúvida, mostrando o maior perigo dentro dos 30 dias de ocorrência o sangramento.
Conclusão
Em pacientes com FA e doença coronariana estável os sangramentos maiores se associam fortemente a subsequentes eventos cardiovasculares. É importante prevenir os sangramentos pelo risco que representam e pelo posterior risco de eventos cardiovasculares e morte.
Título original: Bleeding and Subsequent Cardiovascular Events and Death in Atrial Fibrillation With Stable Coronary Artery Disease: Insights From the AFIRE Trial.
Referência: Koichi Kaikita et al. Circ Cardiovasc Interv. 2021 Nov;14(11):e010476. doi: 10.1161/CIRCINTERVENTIONS.120.010476.
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