Prática clínica dissociada dos estudos: más notícias para nossos pacientes?

As diferenças nas características dos pacientes, mudanças nos algoritmos de tratamento e avanços na tecnologia dos dispositivos podem em conjunto ou por separado limitar a aplicabilidade de um estudo randomizado relativamente antigo na prática clínica contemporânea. 

Práctica clínica disociada de los estudios ¿malas noticias para nuestros pacientes?

Neste caso, a dissociação da prática clínica moderna com os resultados de um estudo de pesquisa (o EXTEND DAPT) se relacionou com uma atenuação dos benefícios e com os danos atribuíveis a prolongar a duração da dupla antiagregação plaquetária (DAPT) desnecessariamente. 

O estudo EXTEND DAPT (Dual Antiplatelet Therapy) concluiu que prolongar o esquema de DAPT diminuía os eventos isquêmicos pagando um preço alto em termos de sangramento. 

Desde a publicação do DAPT, no entanto, surgiram novos dispositivos com taxas muito diferentes de trombose intrastent que mudaram completamente a inclinação da balança. Em outras palavras, hoje em dia o benefício em termos de sangramento se mantém, mas o risco isquêmico diminui significativamente. Nesse sentido, se o ESTEND DAPT fosse feito hoje, suas conclusões seriam muito distintas.


Leia também: Vale a pena a 3ª dose contra a COVID-19 para todas as idades?


Para o trabalho foram comparadas as características dos pacientes que receberam os DES contemporâneos entre 2016 e 2017. Após a realização de múltiplos ajustes foi estimado o efeito no “mundo real” de receber 30 meses de DAPT vs. 12 meses após o implante de um DES

A coorte randomizada que recebeu DES foi de 8.864 pacientes e o registro incluiu um total de 568.540 pacientes. Os que não foram randomizados e entraram no registro apresentaram mais comorbidades, foram admitidos com mais frequência cursando uma síndrome coronariana aguda e receberam com maior periodicidade um DES de 2ª geração.

Ao realizar toda uma nova análise do trabalho com esses dados, observou-se que prolongar o esquema de DAPT já não era significativo para reduzir a trombose (OR 0,40; IC 95%, 0,99% a 0,15%), eventos combinados cardiovasculares e cerebrovasculares (OR 0,52; IC 95%, 2,62% a 1,03%) ou infartos (OR 0,52; IC 95%, 2,62% a 1,03%).


Leia também: Melody: uma das pioneiras em posição pulmonar com resultados a longo prazo.


O anteriormente descrito ocorre no contexto de que prolongar o tempo de DAPT continua mais que duplicando o risco de sangramento (OR 2,42%; IC 95%, 0,79% a 3,91%).

Conclusão

As diferenças entre os pacientes e os dispositivos utilizados na prática clínica contemporânea em comparação com o estudo DAPT se associaram com uma atenuação dos benefícios de prolongar o esquema de dupla antiagregação plaquetária e mantendo o dano associado ao sangramento. 

Estes achados limitam a aplicabilidade dos resultados dos estudos na prática moderna.

CIRCULATIONAHA-121-056878

Título original: Estimation of DAPT Study Treatment Effects in Contemporary Clinical Practice: Findings From the EXTEND-DAPT Study.

Referencia: Neel M. Butala et al. Circulation. 2022 Jan 11;145(2):97-106. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.121.056878.


Suscríbase a nuestro newsletter semanal

Reciba resúmenes con los últimos artículos científicos

Mais artigos deste autor

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...