Diferenças de gênero e prognóstico em seguimento de 10 anos da síndrome coronariana com elevação do ST

A doença coronariana na mulher costuma se desenvolver 10 anos depois do que ocorre no caso dos homens e existe alguma evidência que sugere que as mulheres apresentam uma maior taxa de mortalidade, especialmente levando em consideração a síndrome coronariana com elevação do ST (SCACEST), com registros que evidenciaram maior mortalidade tanto na internação quanto no seguimento de 1 ano. 

Diferencia de género y pronostico a 10 años en el síndrome coronario con elevación del ST

Parte dessa diferença se deve à falta de equidade no acesso a terapias adequadas como a angiografia ou a angioplastia coronariana durante uma SCA. 

O objetivo deste estudo foi analisar o impacto do gênero em desfechos em 10 anos de pacientes com SCACEST tratados com angioplastia percutânea coronariana (PCI) no estudo EXAMINATION-EXTEND (uso de stent XIENCE em SCACEST).

O desfecho deste estudo foi uma combinação orientada ao paciente (POCE) que incluía mortalidade por todas as causas, qualquer IAM ou revascularização no seguimento de 10 anos. 

Foram obtidos dados de 1498 pacientes, sendo 254 mulheres (17%). As mulheres eram, em geral, mais idosas, menos tabagistas e com maior prevalência de hipertensão arterial. 

Em 10 anos de seguimento observou-se presença de POCE em 40,6% das mulheres e em 34,2% dos homens (HR ajustado: 1,14, IC 95% 0,91-1,42; p = 0,259), com uma tendência a maior mortalidade por todas as causas nas mulheres (HR ajustado: 1,30, IC 95% 0,99-1,71; p = 0,063). No entanto, a morte cardiovascular não variou entre os diferentes grupos. 

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Na análise multivariada, somente a idade (HR: 1,06, IC 95% 1,04-1,09; p < 0,001) e a hipertensão arterial (HR: 1,93, IC 95% 1,07-3,51; p = 0,030) foram preditores independentes de POCE.

Conclusões

Neste seguimento de 10 anos de pacientes com síndrome coronariana aguda evidenciou-se que as mulheres com SACACEST não tiveram pior prognóstico com relação ao POCE em 10 anos em comparação com os homens. Observou-se, no entanto, uma maior tendência à mortalidade. Ao analisar a mortalidade cardíaca não houve diferenças. 

A possibilidade de contar com esses dados de um seguimento de 10 anos é uma grande oportunidade para avaliar o risco a longo prazo segundo o gênero. Conta com a limitação da amostra ter somente 17% de mulheres, o que permitiria que esse postulado seja somente um gerador de hipóteses. 

Dr. Omar Tupayachi

Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Gender Differences in 10-Year Outcomes Following STEMI.

Fonte: Rader, Florian et al. “Durability of blood pressure reduction after ultrasound renal denervation: three-year follow-up of the treatment arm of the randomised RADIANCE-HTN SOLO trial.” EuroIntervention : journal of EuroPCR in collaboration with the Working Group on Interventional Cardiology of the European Society of Cardiology, EIJ-D-22-00305. 1 Aug. 2022, doi:10.4244/EIJ-D-22-00305.


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