A doença coronariana é a causa mais frequente de falha cardíaca e em alguns estudos observacionais a ATC poderia ajudar a melhorar a função ventricular.
O único estudo randomizado importante que comparou cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) vs. tratamento médico em pacientes com deterioração da função ventricular foi o STICH, mostrando que em 5 anos não houve diferenças, mas em 10 anos a CRM evidenciou um benefício.
A angioplastia foi excluída da grande maioria das análises na deterioração da função ventricular e por isso a evidência disponível é muito escassa.
O estudo REVIVED (randomizado, multicêntrico e prospectivo) incluiu 700 pacientes com disfunção ventricular que foram submetidos a ATC mais tratamento médico ótimo (OMT) vs. pacientes que receberam OMT.
Foram randomizados 347 pacientes a ATC e 353 a OMT.
Os critérios de inclusão foram: fração de ejeção do ventrículo esquerdo ≤ 35%, doença coronariana extensa (definida pela classificação de BCIS ≥ 6) e viabilidade demostrada em ao menos 4 territórios passíveis de ATC.
O desfecho primário (DP) foi morte por qualquer causa ou hospitalização dentro dos 24 meses.
Não houve diferença entre os grupos, tendo sido a idade média de 70 anos, a população composta por 90% de homens, 40% de taxa de diabete, 53% de IAM prévio, 20% de ATC e 4% de CRM.
A classe funcional para insuficiência cardíaca foi de I-II em mais de 70% da população, o NT-proBNP foi de 1400 pg/ml, 66% dos pacientes não apresentavam angina e 30% apresentavam angina I-II.
A fração de ejeção foi de 27%, a complexidade da doença coronariana foi de 10, a lesão da TCI foi de 14%, a doença de 3 vasos foi de 40% e de dois vasos de 50%.
O DP foi de 37,2% para ATC e de 38% para OMT (hazard ratio, 0,99; 95% IC, 0,78 a 1,27, p = 0,96). Tampouco houve diferença em termos de mortalidade por qualquer causa: 31,7% vs. 32,6% (hazard ratio, 0,98; 95% IC, 0,75 a 1,27). Quanto às reinternações por insuficiência cardíaca, tampouco houve diferenças: 14,7% vs. 15,3% (hazard ratio, 0,97; 95% IC, 0,66 a 1,43). A presença de IAM, a necessidade de AICD e o sangramento foram similares, mas a necessidade de revascularização não planejada foi maior nos pacientes que receberam OMT.
Tampouco houve diferenças no aumento da fração de ejeção em 6 meses e em 1 ano.
A qualidade de vida (KCCQ) foi superior para ATC em 6 meses e em 12 meses mas não houve diferença em 24 meses.
Conclusão
Entre os pacientes que apresentam uma severa deterioração da função ventricular do ventrículo esquerdo que recebem tratamento médico ótimo, não ficou demonstrada uma menor incidência de morte por qualquer causa ou hospitalização por insuficiência cardíaca.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Percutaneous Revascularization for Ischemic Left Ventricular Dysfunction.
Referência: Divaka Perera, et al. NEJM August 27,2022, at DOI: 10.1056/NEJMoa2206606.
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