O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) se consolidou como o tratamento para a estenose aórtica severa sintomática, inclusive em pacientes de baixo risco. Em tal contexto, o estado hemodinâmico e a durabilidade da válvula são fatores cruciais na seleção do tipo de prótese valvar. Recentemente, diversos estudos vêm evidenciando os benefícios hemodinâmicos a curto prazo da válvula SAPIEN 3 Ultra RESILIA (S3UR), de última geração. No entanto, até o momento não foram publicados estudos com seguimento de longo prazo de dita tecnologia.
O objetivo deste estudo foi comparar os resultados clínicos e ecocardiográficos um ano após a realização do TAVI com a válvula nativa S3UR vs. suas predecessoras, as válvulas SAPIEN 3 (S3) e SAPIEN 3 Ultra (S3U), utilizando dados do Registro de Terapia Valvar Transcateter (TVT) da Sociedade Estadunidense de Cirurgiões Torácicos (STS) e do Colégio Americano de Cardiologia.
O desfecho primário (DP) foi a taxa de mortalidade, a ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC) e a combinação de ambos em um ano. O desfecho secundário (DS) incluiu resultados ecocardiográficos e funcionais.
Foram incluídos 4.598 tratados com a válvula S3UR, emparelhados mediante análise de propensão com 4.598 e 32.536 pacientes tratados com as válvulas S3 e S3U, respectivamente. No momento da alta, o grupo S3UR mostrou áreas efetivas do orifício maiores (p < 0,0001). Este grupo também apresentou o gradiente médio mais baixo, tanto no momento da alta como em 30 dias e em 1 ano (p < 0,0001 em todos os casos).
Em um ano, o grupo S3UR mostrou uma menor mortalidade por qualquer causa (7,6 % vs. 9,7%; HR: 0,8; IC 95%: 0,67–0,93; p = 0,004), menor incidência de regurgitação paravalvar leve o maior (15,6% vs. 18,5%; HR: 0,82; IC 95%: 0,69–0,97; p = 0,02) e menor taxa de hemorragia potencialmente mortal (2,0% vs. 2,7%; HR: 0,7; IC 95%: 0,54–0,94; p = 0,03). Tanto o uso de S3UR como a presença de regurgitação leve ou maior foram preditores independentes de mortalidade em um ano na coorte geral e em pacientes de baixo risco. A necessidade de reintervenção valvar em um ano foi pouco frequente (0,6% vs. 0,4%; HR: 1,46; IC 95%: 0,77–2,78; p = 0,25).
Conclusão
O TAVI com a válvula S3UR se associou a melhores resultados clínicos e ecocardiográficos em um ano em comparação com as válvulas S3 e S3U, especialmente em pacientes de baixo risco. Foram observadas menores taxas de regurgitação paravalvar, maiores áreas efetivas do orifício, menores gradientes ecocardiográficos e baixa necessidade de reintervenção. Contudo, é necessário um seguimento mais prolongado para avaliar a durabilidade da tecnologia RESILIA na plataforma SAPIEN.
Título Original: 1-YearReal-World Outcomes of TAVR With the Fifth-Generation Balloon-Expandable Valve in the United States.
Referência: Annapoorna S. Kini, MD et al JACC Cardiovasc Interv. 2025; 18: 785–797.
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