Há estudos que realizaram um seguimento tomográfico dos pacientes que receberam um implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) e descreveram a frequência da trombose das valvas, apesar de, na maioria das vezes, dito achado não ter determinado claramente se é necessário realizar algum tipo de intervenção nas tromboses encontradas. A diferença do trabalho que aqui apresentamos com os publicados previamente é que este não se focaliza nas imagens mas sim nos sintomas clínicos desse evento.
Esta análise retrospectiva incluiu 642 pacientes consecutivos que foram submetidos a TAVI em um centro entre 2007 e 2015 (305 receberam a válvula autoexpansível, 281 receberam a válvula balão expansível e 56 receberam a válvula mecanicamente expansível). Foi indicada anticoagulação oral em 261 pacientes enquanto que 377 receberam dupla antiagregação plaquetária.
A incidência global de trombose clínica de valvas foi de 2,8% (n = 18). Nenhum paciente que estivesse recebendo anticoagulação apresentou trombose.
Dos casos detectados, 13 pacientes tinham a válvula balão expansível, 3 pacientes tinham válvulas autoexpansíveis e 2 tinham válvulas expansíveis mecanicamente. A trombose foi significativamente mais frequente com a válvula balão expansível (OR: 3,45; IC 95%: 1,22 a 9,81; p = 0,01) e nos procedimentos de “valve-in-valve” (OR: 5,93; IC 95%: 2,01 a 17,51; p = 0,005). O tempo médio do procedimento ao diagnóstico de trombose foi de 181 dias. Em todos os casos de trombose a tomografia mostrou áreas de atenuação e diminuição da mobilidade da valva, o que se associou a um gradiente médio de 34 ± 14 mmHg e uma área valvar de 1,0 ± 0,46 cm².
Iniciar anticoagulação oral reduziu significativamente o gradiente e melhorou a dispneia desses pacientes. Nenhuma trombose se associou à morte cardiovascular.
Conclusão
A trombose clínica de uma válvula por cateterismo é mais frequente do que suspeitávamos, caracterizando-se por dispneia, imagens atenuadas na tomografia, aumento do gradiente por ecografia e aumento dos níveis do NT-proBNP. A anticoagulação oral foi efetiva tanto para prevenir o evento como para tratá-lo. Ainda não conhecemos o esquema ideal de antitrombóticos pós-TAVI.
Título original: Clinical Bioprosthetic Heart Valve Thrombosis After Transcatheter Aortic Valve Replacement. Incidence, Characteristics, and Treatment Outcomes.
Referência: John Jose et al. J Am Coll Cardiol Intv 2017;10:686–97.
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