A aspirina incrementa o sangramento sem nenhum benefício isquêmico, mas uma tendência a mais tromboses de stents com o placebo garantem mais estudos.
Os pacientes com fibrilação atrial que recebem anticoagulação e angioplastia coronariana com stent e continuam com aspirina apresentam um maior risco de sangramento sem benefício isquêmico algum.
O uso de um anticoagulante via oral (VO) não antagonista da vitamina K (NOAC) como o apixaban poderia reduzir o risco de sangramento e as hospitalizações em comparação com os clássicos inibidores da vitamina K. Para responder a esta pergunta, o estudo AUGUSTUS randomizou 4.614 pacientes.
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Este trabalho teve algumas particularidades: incluiu pacientes cursando uma síndrome coronariana aguda tratados medicamente (sem angioplastia) e teve um desenho de 2 por 2 para responder de maneira independente a 2 perguntas.
Como parte do esquema triplo a aspirina foi ficando de lado desde a publicação do WOEST. No entanto, faltava mais evidência; o WOEST foi um estudo aberto que usou varfarina e contou com apenas 573 pacientes.
Ao ver toda a informação que temos hoje, nos pacientes anticoagulados que recebem angioplastia a resposta parece ser “menos é mais”.
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O apixaban mostrou um melhor perfil de segurança com o clopidogrel, e este esquema é provavelmente suficiente para a maioria, e talvez a estratégia por default.
O AUGUSTUS incluiu 4.614 pacientes de 33 países que tinham recebido angioplastia ou tinham sido internados por uma síndrome coronariana aguda. Todos estavam sob tratamento com um inibidor do receptor P2Y12 e foram randomizados a receber apixaban ou um inibidor da vitamina K além de aspirina ou placebo durante 6 meses.
O sangramento maior ou clinicamente relevante (desfecho primário) foi menos comum com o apixaban (10,5% vs. 14,7%; HR 0,69; IC 95% 0,58-0,81). Adicionalmente, a aspirina resultou em uma maior taxa de sangramento ao ser comparada com o placebo (16,1% vs. 9,0%; HR 1,89; IC 95% 1,59-2,24).
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Por outro lado, o apixaban teve vantagens em hospitalizações e morte (23,5% vs. 27,4%; HR 0,83; IC 95% 0,74-0,93).
Não se observaram diferenças em eventos isquêmicos em nenhum dos ramos do trabalho.
Título original: Antithrombotic therapy after acute coronary syndrome or PCI in atrial fibrillation.
Referência: Lopes RD et al. N Engl J Med. 2019; Epub ahead of print.
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