Em pacientes com fibrilação atrial e doença coronariana estável que não foram submetidos a procedimentos de revascularização no último ano, a monoterapia com rivaroxabana é aparentemente a melhor estratégia de tratamento em comparação com o rivaroxabana mais antiagregação plaquetária. Essa é a conclusão do estudo AFIRE, apresentado durante as sessões científicas do ESC 2019 de Paris e simultaneamente publicado no NEJM.
A monoterapia de rivaroxabana foi não inferior em termos da combinação de AVC, embolia sistêmica, infarto, angina instável que exija revascularização e morte por qualquer causa em dois anos de seguimento (4,14% vs. 5,75% por paciente/ano; p < 0,001 para não inferioridade).
Também se observou com a monoterapia um significativo menor risco de sangramento e inclusive uma diminuição da morte por qualquer causa (1,85% vs. 3,37%), o que reflete uma redução tanto das mortes cardíacas quanto das não cardíacas. Esta diferença em termos de segurança a favor da monoterapia com rivaroxabana fez com que o trabalho fosse prematuramente detido.
Com dita evidência o rivaroxabana sem antiagregação parece ser a melhor estratégia em pacientes com doença coronariana conhecida que ademais apresentem fibrilação atrial, sempre que a última revascularização tenha sido feita há mais de um ano.
Uma limitação do estudo foi a quantidade relativamente baixa de pacientes e o fato de o mesmo só ter incluído pacientes asiáticos (os asiáticos em geral têm uma contextura física menor e, portanto, são mais propensos ao sangramento com doses equivalentes de medicação).
O AFIRE randomizou pacientes a monoterapia de rivaroxabana (10 mg/dia para aqueles com um clearence de creatinina de 15 a 49 ml/min ou 15 mg/dia para aqueles com 50/min ou mais) vs. rivaroxabana mais simples antiagregação ao arbítrio dos médicos tratantes (70% recebeu aspirina e o restante recebeu algum inibidor do P2Y12 com uma enorme maioria de clopidogrel).
Em seguimento médio de 24,1 meses o rivaroxabana como monoterapia alcançou o critério de não inferioridade. A monoterapia também foi mais segura, mostrando uma redução (3,90% vs. 6,28%) dos eventos adversos clínicos puros (combinação de morte por qualquer causa, infarto, AVC, e sangramento maior).
Título original: Antithrombotic therapy for atrial fibrillation with stable coronary disease.
Referência: Yasuda S et al. N Engl J Med. 2019; Epub ahead of print.
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