Momento ideal para intervir em infartos sem ST e sem carga de antiagregantes

Os pacientes com uma síndrome coronariana aguda SEM elevação do segmento ST (NSTEMI) em curso e que NÃO são tratados previamente com um inibidor do receptor P2Y12 se beneficiam com uma estratégia invasiva muito precoce. 

Momento ideal para intervenir infartos sin ST y sin carga de antiagregantes

O momento ótimo para realizar a intervenção nestes pacientes com NSTEMI continua sendo um tema de debate apesar dos diversos estudos sobre assunto, mas nunca havia sido testado o momento justo em pacientes sem carga de antiagregantes plaquetários. 

A partir do surgimento dos novos antiagregantes, mais potentes e de efeito mais rápido (basicamente ticagrelor e prasugrel), surgiu também a possibilidade de realizar a carga ao conhecer a anatomia coronariana para evitar assim o excesso de sangramentos naqueles pacientes que precisassem ser submetidos a uma estratégia de revascularização cirúrgica. 

Foram randomizados de forma prospectiva e aberta 741 pacientes admitidos com NSTEMI de moderado a alto risco e com intenção de estratégia invasiva. A randomização foi a uma estratégia invasiva tardia (n = 363) com angiografia entre as 12 e as 72 horas ou a uma estratégia invasiva muito precoce (n = 346) com a angiografia dentro das 2 horas a partir do contato médico. 


Leia também: Infartos com choque cardiogênico: múltiplos vasos vs. somente vaso culpado: há novidades?


Nenhum paciente recebeu carga de antiagregantes plaquetários antes do conhecimento de sua anatomia. O desfecho primário foi uma combinação de morte cardiovascular e eventos isquêmicos recorrentes em um mês. 

Mais de 90% dos pacientes de ambos os grupos foram NSTEMI de alto risco. O tempo médio entre a randomização e a angiografia para a estratégia muito precoce foi inferior a uma hora (faixa de 0 a 1 hora) e para a estratégia tardia foi uma média de 18 horas (faixa de 11 a 23 horas).

O desfecho primário foi significativamente mais baixo naqueles pacientes que receberam uma estratégia invasiva muito precoce (4,4% vs. 21,3%; p < 0,001) e isso se deu basicamente por uma redução dos eventos isquêmicos recorrentes (2,9% vs. 19,8%; p < 0,001).


Leia também: Subestudo do Compare-Acute: história natural das lesões não culpadas pelo infarto.


Não foram observadas diferenças em termos de mortalidade cardiovascular. 

Conclusão

Sem carga de antiagregantes os pacientes com uma síndrome coronariana aguda SEM supradesnivelamento do segmento ST em curso se beneficiam de uma estratégia invasiva muito precoce, com uma redução significativa da taxa de eventos isquêmicos recorrentes durante a espera da coronariografia. 

Título original: Optimal Timing of Intervention in NSTE-ACS Without Pre-Treatment The EARLY Randomized Trial.

Referência: Gilles Lemesle et al. J Am Coll Cardiol Intv 2020;13:907–17.


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