ESC 2022 | Devemos fazer o acompanhamento com teste funcional em pacientes de alto risco após uma ATC?

Apesar de a necessidade de repetir a cinecoronariografia após uma ATC ter diminuído com o uso de stents eluidores de fármaco e com a melhora do tratamento médico, os pacientes continuam apresentando recorrência isquêmica ou eventos cardiovasculares no acompanhamento. 

ESC 2022

O uso de um teste funcional no acompanhamento após uma ATC ou CRM é uma prática frequente em nosso meio. Por tal motivo os guias recomendam (Classe IIb) um teste funcional em pacientes de alto risco 6 meses após uma ATC e 1 anos após uma CRM. No entanto, há informação limitada sobre estudos randomizados para essa recomendação. 

O objetivo deste estudo multicêntrico e randomizado foi determinar o efeito nos resultados clínicos de uma estratégia de acompanhamento que incluía um teste funcional de rotina em pacientes de alto riscos após a realização de uma ATC. 

O desfecho primário (DP) foi uma combinação de eventos cardiovasculares maiores que incluiu morte por qualquer causa, IAM ou hospitalização por angina instável em 2 anos. O desfecho secundário (DS) incluiu, além dos componentes individuais do DP, coronariografia invasiva e repetição da revascularização. 

Foram randomizados 1706 pacientes em vários centros da Coreia do Sul a acompanhamento com teste funcional 1 ano após a realização da ATC vs. somente tratamento convencional. A idade média foi de 64 anos e a maioria dos pacientes eram homens. Com relação à complexidade das lesões coronarianas, 21% dos pacientes apresentavam doença de tronco da coronária esquerda, 43% tinham doença em bifurcação coronariana, 69% tinham doença de múltiplos vasos, 70% apresentavam doença difusa e 19% tinham síndrome coronariana aguda. A utilização de avaliação funcional mediante FFR foi de 35% e o uso de IVUS foi de 74%. 

Leia também: ESC 2022 | INVICTUS e PRE18FFIR.

Não houve diferenças no DP em 2 anos (HR 0,90; 95% [CI], 0,61 – 1,35; p = 0,62).  Em relação ao 

DS, em 2 anos 12% dos pacientes do grupo teste funcional foram submetidos a cinecoronariografia vs. 9% do grupo de tratamento convencional. E, além disso, 8% dos pacientes do grupo teste funcional precisaram repetir revascularização no acompanhamento em comparação com 5,8% do outro grupo. 

Conclusão

Neste estudo que incluiu pacientes de alto risco que foram submetidos a ATC, o teste funcional de rotina no acompanhamento em comparação com o tratamento convencional não resultou em um menor risco de eventos cardiovasculares isquêmicos ou morte por qualquer causa em 2 anos. 

 

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Routine Functional Testing or Standard Care in High-Risk Patients after PCI.

Referência: Duk‑Woo Park, M.D et al August 28, 2022, at NEJM. Presentado en ESC 2022.


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