Segundo este recente trabalho (que proximamente será publicado no JAMA), a terapia antitrombótica não traz nenhum benefício clínico aos pacientes estáveis e ambulatoriais (mas sintomáticos) com COVID-19.
Tanto a aspirina como a apixabana em doses terapêuticas profiláticas não conseguiram reduzir os eventos cardiovasculares maiores em comparação com o placebo. Esses eventos já são muito raros de base, motivo pelo qual é difícil mostrar um benefício.
Em sentido oposto, foi possível observar um aumento modesto dos sangramentos.
Esses achados foram inesperados, já que qualquer intervenção antitrombótica poderia agir sobre a altíssima taxa de fenômenos trombóticos (tanto venosos quanto arteriais) observados nos pacientes afetados pela COVID-19.
A explicação para esta falta de efeito poderia estar na população doente estudada: enquanto na primeira onda a maioria dos doentes eram idosos com muitas comorbidades, nos surtos subsequentes os pacientes admitidos foram – em média – mais jovens e sadios.
Este trabalho pretendia incluir 7.000 pacientes com COVID-19 sintomáticos e clinicamente estáveis. O estudo se deteve com apenas 657 pacientes pela baixíssima taxa de eventos. A randomização consistiu em 4 grupos: placebo, aspirina 81 mg, apixabana 2,5 mg 2 vezes por dia (profilaxia) e apixabana 5 mg duas vezes por dia (dose terapêutica).
Não foi observado nenhum sangramento maior. Ao considerar qualquer sangramento, somente o ramo apixabana terapêutico se diferenciou do placebo.
Leia também: É necessário fazer uma triagem mais rigorosa antes de uma cirurgia não cardíaca.
A baixa taxa de eventos e os escassos pacientes infectados com a variante Delta dificultam a extrapolação e a generalização destes resultados. De fato, há pelo menos outros 10 estudos em curso sobre o mesmo tema que sairão à luz nos próximo meses.
É questão de esperar esses resultados para ter um panorama mais conclusivo.
Título original: Effect of antithrombotic therapy on clinical outcomes in outpatients with clinically stable symptomatic COVID-19: the ACTIV-4B randomized clinical trial.
Referência: Jean M Connors et al. JAMA. 2021 Oct 11. Online ahead of print. doi: 10.1001/jama.2021.17272.
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