Angioplastia coronariana em oclusões crônicas (CTO): há diferenças entre os sexos?

Os estudos e registros que avaliam as diferenças entre ambos os sexos em oclusões crônicas totais (CTO) são escassos e o sexo feminino se encontra sub-representado nesses procedimentos, sendo somente entre 14% e 21% dos pacientes incluídos nos registros e trabalhos sobre CTO. Embora a taxa de sucesso seja comparável entre os gêneros, vários estudos demonstraram que as complicações são mais frequentes em mulheres.

Angioplastia coronaria en oclusiones totales crónicas (CTO): ¿Hay diferencias entre ambos sexos?

O objetivo deste estudo foi identificar as diferenças relacionadas com o sexo em características basais e do procedimento, bem como com o sucesso da intervenção e dos resultados clínicos intra-hospitalares após a ATC da CTO. Para isso analisou-se o registro prospectivo multicêntrico europeu de CTO.

O desfecho primário (DP) foi a taxa de sucesso do procedimento entre as duas coortes (homens vs. mulheres) definido como fluxo TIMI = 3 e estenoses residuais inferiores a 20%. O desfecho secundário (DS) foi a presença de eventos adversos maiores cardíacos e cerebrovasculares (MACCE) intra-hospitalares e complicações do procedimento.

Analisaram-se os dados de 35.449 pacientes incluídos no registro, dentre os quais 15,2% eram mulheres. Em relação às características basais, as mulheres eram mais idosas (p < 0,001), com maior prevalência de HTA (p < 0,001) e diabetes (p < 0,001). As mulheres apresentavam mais frequentemente angina em CF III ou IV (p < 0,001). No entanto, mostraram menor prevalência de IAM prévio, ATC prévia ou CRM prévia, e menor taxa de doença de três vasos do que os homens. A artéria coronariana direita foi a mais afetada sem diferenças entre os dois sexos. Apesar disso, as mulheres apresentavam menor J-CTP score (2,02 ± 1,26 vs. 2,23 ± 1,27, p < 0,001). 

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No tocante ao procedimento, a estratégia anterógrada foi a preferida no sexo feminino (p = 0,002), ao passo que a estratégia retrógrada foi a mais utilizada nos homens (p < 0,001). A quantidade de contraste utilizada (p < 0,001), o tempo de fluoroscopia (p < 0,001) e o tempo total do procedimento (p < 0,001) foram significativamente menores nas mulheres em comparação com os homens.

No que se refere ao DP, a taxa de recanalização de CTO foi mais alta em mulheres (87,3% vs. 86,3%; p = 0,046). Em relação ao DS, não houve diferenças em termos de MACCE intra-hospitalar, mas as complicações como a perfuração coronariana (3,7% vs. 2,8%; p < 0,001), complicações vasculares (1,0% vs. 0,6%; p < 0,001) e sangramento maior (0,4% vs. 0,2%; p < 0,001) foram mais frequentes em mulheres.

Conclusão

Neste registro multicêntrico europeu de CTO, as mulheres representaram 15,2% da coorte e observou-se uma alta taxa de sucesso na recanalização das oclusões. Não houve diferenças entre os sexos em termos de taxa de MACCE intra-hospitalar, mas as complicações do procedimento foram mais frequentes nas mulheres do que nos homens. A análise de ambos os sexos não mostrou diferenças entre os grupos em termos de preditores de sucesso do procedimento relacionados como a anatomia coronariana ou com as características da CTO.

Dr. Andrés Rodríguez

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Gender differences in percutaneous coronary intervention for chronic total occlusions from the ERCTO study.

Referência: Alexandre Avran MD et al Catheter Cardiovasc Interv. 2023;101:918–931.


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