Sangramento e mortalidade no implante percutâneo da valva aórtica

O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) é muito menos invasivo que o implante cirúrgico e representa uma substancial redução no sangramento (até 60% menos).

Sangrado y mortalidad en el reemplazo valvular aórtico por catéter

Contudo, um sangramento clinicamente relevante ainda ocorre em um de cada quatro pacientes que recebem TAVI, o que se associa a morbidade e mortalidade.

 

Há uma grande heterogeneidade em relação aos sangramentos: podem estar associados ao local do acesso e ser observados no período periprocedimento ou não ter relação com o acesso e ser observados em um período mais longo de seguimento.


 

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Até o momento da realização deste trabalho ainda não sabíamos se o local de sangramento pode afetar o prognóstico de maneira diferente nos pacientes que recebem TAVI.

 

Foram avaliados 926 pacientes consecutivos tratados entre 2007 e 2014 e seguidos por até 5 anos.

 

Do total, 285 (30,7%) apresentaram algum tipo de sangramento (menor, maior ou que pusesse em risco sua vida). Comparando com os pacientes que não sangraram, o risco de morte por qualquer causa aumentou significativamente nos pacientes com sangramento relacionado ao acesso (HR: 1,34; IC 95%: 1,01 a 1,76; p = 0,04), e ainda mais para aqueles com sangramentos não relacionados ao acesso (HR: 2,08; IC 95%: 1,60 a 2,71; p < 0,001).


 

Leia também: “A bivalirudina diminui a taxa de sangramento nas angioplastias carotídeas”.


 

Na análise multivariada, o sexo feminino se associou com os sangramentos relacionados com o acesso, enquanto que a insuficiência renal e um escore STS mais alto se vincularam com sangramentos não relacionados com o acesso.

 

Conclusão

Nos pacientes com estenose aórtica severa que recebem implante percutâneo da valva aórtica, o sangramento se associa de maneira independente a um aumento da mortalidade, sendo aqueles sangramentos não relacionados com o acesso os mais perigosos.

 

Comentário editorial

A proporção entre ambos os sangramentos foi praticamente a mesma (51% vs. 49%), mas os sangramentos não relacionados com o acesso ocorreram em 40% das vezes para além dos 30 dias do procedimento e associaram-se a um risco de mortalidade 1,5 vezes maior que a dos sangramentos relacionados com o acesso.

 

Esse achado é similar ao observado na angioplastia coronariana, onde o sangramento não relacionado com o acesso também é mais perigoso.

 

As razões são multifatoriais mas em geral o sangramento não relacionado com o acesso ocorre em pacientes com um perfil de risco maior dado pelas comorbidades.

 

Título original: Frequency, Timing, and Impact of Access-Site and Non–Access-Site Bleeding on Mortality Among Patients Undergoing Transcatheter Aortic Valve Replacement.

Referência: Raffaele Piccolo et al. J Am Coll Cardiol Intv 2017;10:1436–46.


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