ESC 2018 | MITRA FR: o teste do MitraClip nas insuficiências mitrais funcionais

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

Na insuficiência mitral secundária (IM SEC) as valvas e as cordas tendíneas são estruturalmente normais e a insuficiência se deve a uma alteração na geometria e na função ventricular esquerda.

MITRA FR: el testeo del MitraClip en las insuficiencias mitrales funcionalesNa atualidade, o prognóstico está dado pela função ventricular e a abordagem de escolha é o tratamento médico ótimo. Embora em alguns estudos o tratamento percutâneo edge-to-edge com MitraClip tenha demonstrado certo benefício no que se refere à redução de sintomas, melhora da classe funcional e no teste de caminhada dos 6 minutos, dito procedimento ainda não foi testado em grandes estudos randomizados.

 

Este é um estudo randomizado no qual os pacientes deviam apresentar IM SEC com um volume regurgitante > 30 ml por batimento, uma área efetiva de regurgitação > 20 mm2, fração de ejeção entre 15% e 40% e classe funcional II-III-IV.


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Foram incluídos 152 pacientes que receberam MitraClip e tratamento médico vs. 152 que receberam somente tratamento médico.

 

O desfecho primário foi morte por qualquer causa e internação não planejada por insuficiência cardíaca em 12 meses.

 

A idade média foi de 70 anos (a maioria dos pacientes foram do sexo masculino); a fração de ejeção foi de 33%; a área efetiva de regurgitação foi de 33 mm2; o volume regurgitante foi de 45 ml; o EuroSCORE, 6.


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O sucesso do implante foi de 95,8% e em 75,6% a IM foi de 0 ou 1+.

 

Em 12 meses de seguimento o desfecho primário foi de 56,4% nos pacientes que receberam tratamento percutâneo e de 51,3% no grupo de tratamento médico (OR 1,16; 95% CI 0,73 a 1,84; p = 0,53). A mortalidade por qualquer causa foi de 24,3% vs. 22,4% (HR 1,11; 95% CI 0,69 a 1,77) e a hospitalização não planejada de 48,7% vs. 47,4% (HR, 1,13; 95% CI 0,81 A 1,56).

 

Conclusão

Entre os pacientes com insuficiência mitral secundária, a taxa de morte ou internação não planejada por insuficiência cardíaca no seguimento de um ano não difere significativamente entre os que receberam reparação mitral percutânea com tratamento médico e aqueles que receberam somente tratamento médico.

 

Comentário

Neste estudo randomizado não houve benefício em termos de mortalidade e internações não planejadas por insuficiência cardíaca. Seguramente isto esteve influenciado pelo deterioro da função ventricular devido a causa isquêmica e/ou necrótica que, como bem se sabe, é um preditor negativo, somado ao tratamento médico ótimo.

 

Seria necessário ter os resultados do seguimento de mais longo prazo. Por outro lado, seria ideal saber o que ocorre com a medicação e avaliar com testes funcionais a classe funcional e os resultados do teste de caminhada de 6 minutos.

 

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

 

Título original: Percutaneous Repair or Medical Treatment for Secondary Mitral Regurgitation.

Referência: J.-F. Obadia, Et Al. For the MITRA-FR Investigators. NEJM DOI: 10.1056/NEJMoa1805374.

 

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