A reentrada subintimal nas CTO melhora os resultados

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

As oclusões totais crônicas (CTO) continuam sendo um grande desafio, motivo pelo qual foram desenvolvidas diferentes e complexas estratégias para sua resolução. Além disso, a utilização das técnicas de imagem durante sua realização proporcionou uma melhora em seus resultados a longo prazo. 

La reentrada subintimal en las CTO mejora los resultados

O objetivo do estudo CONSISTENT CTO (Conventional Antegrade Versus Sub-Intimal Synergy Stenting in Chronic Total Occlusions) foi analisar o benefício da técnica de dissecção e reentrada (DART).

O desfecho primário do seguimento de 12 meses foi a taxa de TVF definida pela combinação de morte cardíaca, infarto e TVR dirigido por isquemia. 

Foram incluídos 231 pacientes. Em 210 deles a angioplastia foi bem-sucedida (91%).

A idade média foi de 63 anos, 81,2% foram homens, 21% diabéticos, 18% CRM, 73% apresentavam lesão de um único vaso, que na maior parte dos casos foi a coronária direita. A metade dos pacientes apresentou função sistólica conservada. 

A técnica de dissecção e reentrada foi realizada em 101 pacientes; As CTO eram complexas, 2,4 pontos J-CTO, o comprimento da oclusão foi de 29 mm e o comprimento do implante de stent foi de 86 mm. Nos casos nos quais se realizou DART registrou-se uma maior presença de CRM, um J-CTO mais alto (2,9 vs. 2; p = 0,001), maior comprimento da oclusão (36,3 vs. 22,6 mm; p = 0,01) e maior comprimento do stent (96,6 mm vs. 75,4 mm; p = 0,001). A utilização de IVUS pré-implante dos stents foi de 91%.


Leia também: Regressão da massa ventricular pós-TAVI.


O seguimento de 12 e 24 meses foi feito em 99,5% dos casos, tendo sido o seguimento de 12 por angiografia (90,8%) e por OCT (85,4%).

O TVF no seguimento de 12 meses foi de 5,7%, a mortalidade foi de 1,4%, nenhuma por causa cardíaca, a taxa de infarto foi de 1,5% e TVR 7,1%. O MACE foi de 10% em 12 meses. A trombose definitiva ou provável foi de 1,9%. 

Na análise dos pacientes diabéticos em 12 e 24 meses observou-se uma maior taxa de MACE e TVF. 


Leia também: Posição da Sociedade Europeia de Intervencionismo durante a pandemia.


Houve uma melhora na qualidade de vida em todos os pacientes. 

A análise angiográfica foi feita em 179 pacientes no seguimento de 1 ano. A reestenose angiográfica binária ocorreu em 14,5% dos casos, com uma taxa de reoclusão de 3,4%; o IVUS evidenciou um ganho luminal do diâmetro de 1,86 mm com uma perda tardia de 0,14 mm. Fez-se OCT em 175 pacientes, com uma análise completa em 167 deles. Foram analisados mais de 449.000 struts, a frequência de má aposição do stent foi de 2,5 ± 4,7%, com uma cobertura de struts por lesão de 91 ± 9,8%.

Em 24 meses de seguimento o TVF foi de 10%, houve um caso de morte cardíaca, 4,3% de morte por qualquer causa, 17% MACE e 2,9% de trombose definitiva ou provável. 

Conclusão

A ATC de CTO moderna em um seguimento a médio prazo se aproximou dos resultados alcançados com ATC complexas de outras coortes e com uma melhora na qualidade de vida. O uso de DART com stenting subintimal não afetou de forma negativa a cicatrização em 12 ou 24 meses e não veio acompanhado com o acometimento de eventos cardiovasculares maiores. 

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

Título Original: Intravascular Healing Is Not Affected by Approaches in Contemporary CTO PCI. The CONSISTENT CTO Study.

Referência: Simon J. Walsh, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2020;13:1448–57.


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