Angioplastia em vasos não culpados em idosos: a necessidade de escolher bem os casos

Esta grande análise não encontrou benefícios em um ano de seguimento ao realizar angioplastia nos vasos não culpados em pacientes idosos que foram admitidos cursando um infarto com supradesnivelamento do segmento ST. 

Angioplastia a vasos no culpables en añosos: la necesidad de elegir bien los casos

O estudo COMPLETE foi apresentado no ESC de 2019 (e simultaneamente publicado no NEJM) com uma evidência que parecia não deixar dúvidas a respeito do tema. No entanto, nos últimos dois anos surgiram novos trabalhos e subestudos do próprio COMPLETE que foram trazendo nuances para a resposta. 

No presente trabalho foram analisados os pacientes de 65 anos ou mais com múltiplos vasos que foram admitidos cursando um infarto com supradesnivelamento do ST entre 2009 e 2017. A “angioplastia em vasos não culpados” foi definida como todos os procedimentos realizados em outros vasos dentro dos 45 dias do infarto. 

O desfecho primário foi uma combinação de morte, infarto e revascularização entre os 45 dias e um ano. 

Cinquenta e seis mil, trezentos e trinta e dois pacientes (56.332) foram admitidos em 1.102 instituições. Do total, 37,7% foram submetidos a angioplastia em outros vasos dentro dos 45 dias da angioplastia índice pelo infarto.

Em uma análise preliminar a revascularização completa foi superior, mas após ajustar por múltiplas variáveis de confusão esse efeito se diluiu. 

Em última instância, a angioplastia em vasos não culpados não mostrou uma diferença significativa em comparação com unicamente a angioplastia primária (p = 0,46) nesta população > 65 anos.


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Apesar dos múltiplos ajustes estatísticos realizados pelos autores, esta análise não deixa de ter debilidades (a revascularização completa ficou a critério do operador, os 45 dias para fazer o corte são arbitrários, entre outras). 

Conclusão

Nesta grande análise com mais de 50.000 pacientes não foi possível encontrar nenhum benefício ao realizar angioplastia em múltiplos vasos em pacientes idosos que foram admitidos cursando um infarto com supradesnivelamento do ST. O benefício observado nos grandes trabalhos randomizados poderia não ser extensível a pacientes com idades extremas e decisões mais complexas.  

Título original: Comparative Outcomes of Percutaneous Coronary Intervention for ST-Segment-Elevation Myocardial Infarction Among Medicare Beneficiaries With Multivessel Coronary Artery Disease: An National Cardiovascular Data Registry Research to Practice Project.

Referência: Eric A Secemsky et al. Circ Cardiovasc Interv. 2021 Aug;14(8):e010323. doi: 10.1161/CIRCINTERVENTIONS.120.010323.


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