A importância da perviedade das artérias tibiais ao recanalizar a femoral

Depois de recanalizar uma artéria femoral superficial ou uma artéria poplítea ocluída, nós, intervencionistas, nos deparamos com o dilema do que fazer com a doença infrapatelar. Este trabalho (que proximamente será publicado no Eur J Vasc Endovasc Surg) mostra-nos a importância de alcançar a perviedade também nas artérias tibiais para obter significativos melhores resultados a médio prazo.

Basicamente, a mensagem é que após realizar o esforço de recanalizar uma longa e calcificada oclusão crônica da artéria femoral superficial devemos respirar fundo e dedicar o mesmo esforço às artérias tibiais; de outra forma o trabalho ficará feito somente pela metade.

 

Foram incluídos 238 membros inferiores de 199 pacientes com oclusões totais de novo na artéria femoral superficial tratados com stents convencionais de nitinol entre 2009 e 2015. Estes membros inferiores foram divididos em 2 grupos (grupo A, com um número de artéria tibiais na angiografia basal ≥ 2 em 127 membros de 104 pacientes) vs. grupo B (número de artérias tibiais na angiografia basal ≤ 1 em 111 membros em 95 pacientes).


Leia também: É possível suspender os Betabloqueadores pós-infarto agudo do miocárdio.


A eficácia adicional de alcançar a perviedade das artérias tibiais depois de recanalizar a femoral superficial foi avaliada comparando os subgrupos do grupo B (grupo B com tibial permeável vs. não permeável). O desfecho primário foi a liberdade de eventos maiores no membro tratado após 2 anos definido como uma combinação de nova revascularização e amputação.

 

O grupo A mostrou uma sobrevida livre de eventos após 2 anos significativamente melhor que o grupo B (80,9% vs. 43,5%; p < 0,001), diferença que foi basicamente conduzida pela taxa de revascularizações.


Leia também: Menos bivalirudina e mínimo uso de ecografia para punçar é a tendência mundial no acesso radial.


Na análise de subgrupos do grupo B, aqueles que além da artéria femoral puderam ter as artérias tibiais recanalizadas mostraram uma sobrevida livre de eventos muito melhor que aqueles nos quais foi recanalizada apenas a artéria femoral (65,5% vs. 26,2%; p = 0,001).

 

Conclusão

A presença de artérias tibiais permeáveis foi um importante preditor de eventos ao recanalizar a artéria femoral. A angioplastia das artérias tibiais além da recanalização da artéria femoral é fundamental para melhorar os resultados clínicos.

 

Título original: The Importance of Patency of Tibial Run Off Arteries on Clinical Outcomes After Stenting for Chronic Total Occlusions in the Superficial Femoro-popliteal Artery.

Referência: Yusuke Watanabe et al. Eur J Vasc Endovasc Surg (2018). Article in press.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

*

Top