A angioplastia coronariana (ATC) reduz a angina e melhora a qualidade de vida dos pacientes com cardiopatia isquêmica crônica e estável, embora isso possa ser revisado à luz do estudo ORBITA. Enquanto isso, podemos aceitar como verdadeira a afirmação anterior até surgirem novos trabalhos que confirmem ou refutem os resultados do mencionado – e controverso – estudo.
De qualquer forma, não está claro se a melhora da qualidade de vida após a ATC se deve à intervenção em si ou se, ao contrário, depende de outros fatores relacionados ao paciente.
Para responder a esta pergunta os autores criaram um modelo para prever angina e qualidade de vida um ano após a angioplastia e o tratamento médico.
Utilizando os dados de 2.287 pacientes estáveis do estudo COURAGE randomizados a angioplastia mais tratamento médico ótimo vs. somente tratamento médico ótimo desenvolveu-se o modelo de predição.
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Embora a maioria dos pacientes tenham melhorado sem importar o tratamento que receberam, observou-se uma marcada variabilidade no questionário de angina de Seatle um ano após a randomização.
A angioplastia apresenta uma melhora superior (uns 2 pontos) no questionário de angina vs. somente tratamento médico, fato não afetado pelas diferentes características basais dos pacientes (p > 0,05).
A proporção de pacientes livres de angina ou com uma atividade física boa/excelente ou qualidade de vida após um ano foi de 57%, 58% e 66%, respectivamente, para o grupo angioplastia mais tratamento médico ótimo; e 50%, 55% e 59%, respectivamente, para o grupo randomizado a somente tratamento médico ótimo.
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Apesar de características significativas como os sintomas basais, a idade ou a diabetes, o mais importante para prever sintomas foi a dimensão da área total do miocárdio irrigada pela artéria comprometida. O modelo teve uma capacidade de discriminar modesta a boa com uma excelente calibragem.
Conclusão
O estado de saúde em pacientes com cardiopatia isquêmica tratados com angioplastia mais tratamento médico ótimo vs. somente tratamento médico ótimo pode ser previsto com bastante modéstia. A melhora dos sintomas e a qualidade de vida um ano após a angioplastia se associam mais fortemente a outras características dos pacientes que a revascularização em si.
Título original: Predicting the Benefits of Percutaneous Coronary Intervention on 1-Year Angina and Quality of Life in Stable Ischemic Heart Disease. Risk Models From the COURAGE Trial (Clinical Outcomes Utilizing Revascularization and Aggressive Drug Evaluation).
Referência: Zugui Zhang et al. Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2018;11:e003971.
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