Síndromes coronarianos agudos: é mais segura a monoterapia com antiagregante ou desescalar?

Há muitos anos se demonstrou que a dupla antiagregação plaquetária (DAPT) durante 12 meses é mandatória em pacientes submetidos a angioplastia transluminal coronariana (ATC) por uma síndrome coronariana aguda (SCA). No entanto, essa estratégia – que diminui os eventos trombóticos e a mortalidade – traz consigo sangramentos indesejáveis que geram internações ou a suspensão dos antiagregante durante um determinado período.  

Síndromes coronarios agudos: ¿Qué es más seguro: monoterapia con antiagregante o De-Escalation?

Uma estratégia factível poderia ser a suspensão de um dos antiagregantes (seja a aspirina – AAS – ou os inibidores P2Y12). A outra opção poderia ser a rotação (De-Escalation) a um inibidor P2Y12 com menor poder antiagregante (por exemplo, de prasugrel ou ticagrelor a clopidogrel) ou a diminuição da dose do mesmo.

A resposta a essa incógnita ainda não foi dada. 

Nesta metanálise foram incluídos 29 estudos com 50.602 pacientes e foi comparada a antiagregação de curta duração (SHORT DAPT) vs. a De-Escalation. 

A idade média foi de 63 anos, houve um número significativo de mulheres e observou-se uma porcentagem de diabéticos que variou entre 22% e 26%. Não houve diferenças em termos de mortalidade por qualquer causa. 

A estratégia de De-Escalation reduziu significativamente o risco de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE) (RR: 0,7; 95% CI: 0,70-0,94) mas incrementou o risco de sangramento maior (RR: 1,54; 95% CI: 1,07-2,21).

Leia também: A epinefrina é superior à adenosina em No-REFLOW?

Nesse sentido, a estratégia de De-Escalation mostrou uma probabilidade >95% de evitar MACE, infarto, AVC, trombose de stent e sangramento menor. No entanto, evidenciou um índice muito elevado de sangramento maior. 

Por sua vez, a abordagem com SHORT DAPT evidenciou uma melhor performance (>95%) para evitar sangramento maior. 

Conclusão

Nos pacientes com síndromes coronarianas agudas submetidos a ATC não houve diferenças em termos de mortalidade por qualquer causa entre SHORT DAPT e De-Escalation. De-Escalation reduziu o risco de MACE, ao passo que SHORT DAPT diminuiu o risco de sangramento maior. 

Esses dados caracterizam 2 estratégias contemporâneas para personalizar o uso de DAPT em função dos objetivos do tratamento e do perfil de risco. 

Dr. Carlos Fava - Consejo Editorial SOLACI

Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial de SOLACI.org

Título Original: Short Duration of DAPT Versus De-Escalation After Percutaneous Coronary Intervention for Acute Coronary Syndromes.

Referência: Claudio Laudani, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2022;15:268–277.


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