Título original:Left main stenting in Comparison with Surgical Revascularization 10-year outcomes of the (Left Main Coronary Stenting) LE MANS trial. Referência: Buszman P et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2016;9(4):318-327. doi:10.1016/j.jcin.2015.10.044.
Gentileza do Dr. Guillermo Migliaro.
Os resultados a longo prazo da angioplastia de tronco da coronária esquerda (TCI) são desconhecidos. Este estudo reporta o seguimento de 10 anos de pacientes que participaram do estudo LEMANS. O estudo LEMANS foi retrospectivo, multicêntrico e randomizado, incluiu 105 pacientes que tinham lesão TCI e que foram randomizados para angioplastia com stent (ATC) (n = 52) ou cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) (n = 53).
Foram utilizados stents farmacológicos de primeira geração em 35% e by-pass de maneira interna em 73%. Os pacientes tinham uma complexidade anatômica de baixa a moderada, com um escore Syntax de 25 em média (embora não se contasse com este escore no momento da randomização) e um euroscoremédio de 3,3.
Os pacientes foram seguidos 9,8 ±1 anos. Aos 10 anos de seguimento houve uma tendência (ainda que não significativa) a maior fração de ejeção (este era o desfecho primário no primeiro ano de seguimento) no grupo ATC (54,9±8,3% vs. 49,8±10,3% p= 0,07). A mortalidade (21,6 vs. 30,2%; p= 0,41) e os MACCE (51,1 vs.64,4%; p= 0,28) não foram estatisticamente significativos, embora possa se perceber uma diferença numérica a favor da ATC.
Também não houve diferenças significativas na incidência de infarto (8,7 vs. 10,4% p= 0,62), de AVC (4,3 vs. 6,3% p= 0,62) nem na necessidade de novas revascularizações (74,2 vs. 67,5% p= 0,34). A probabilidade de sobrevida a 14 anos foi similar em ambos os grupos (74,2 vs. 67,5% p=0,34) assim como a sobrevida livre de MACCE(34,7 vs. 22,1% p=0,06). A classe funcional de angina foi baixa e comparável entre ambos os grupos (1,7±0,9 vs. 1,59±0,8).
Conclusão
Em pacientes com lesão de tronco de coronária esquerda de baixa a moderada complexidade, a angioplastia tem segurança e eficácia comparável à cirurgia a muito longo prazo e, consequentemente, constitui uma alternativa válida neste grupo de pacientes.
Comentário editorial
Este é o primeiro estudo randomizado que comparou ambas as estratégias e que hoje é o primeiro a mostrar os resultados do seguimento de 10 anos, o que traz uma contribuição única e inestimável para a comunidade médica.
Trata-se de um estudo que incluiu poucos pacientes e, consequentemente, não possui poder estatístico para avaliar a mortalidade.
O estudo utilizou baixa taxa de stents eluidores de fármaco e estes foram de primeira geração. Também foi baixa a utilização de pontes arteriais no grupo CRM.
Os resultados obtidos neste estudo são congruentes com os reportados por estudos de maior tamanho (Syntax e Precombat), embora nestes últimos o seguimento esteja chegando a 5 anos.
Esperam-se os resultados de estudos multicêntricos de maior escala com a utilização dos stents eluidores de segunda geração.
Gentileza do Dr. Guillermo Migliaro.